domingo, 24 de outubro de 2010

Setembro.

Foram 7 quarteirões até me dar conta de que estava naquela praça, ao pé daquele banco, em frente àquela casa pintada do amarelo que escolhemos e hoje desbota no meio de pichações. O gosto do conhaque veio à boca, tão subitamente quanto as lembranças que me enchiam a cabeça e se misturavam com o álcool, o perfeito coquetel da estupidez, foi isso, eu sei que foi isso que me fez pensar em bater na porta. Mas o que diabos me levava a crer que você talvez quisesse me ver? Ou estivesse ainda só, a minha espera? Logo você tão gentil, tão acessível, tão engraçado, com aquele sorriso desalmado que ganha qualquer um, que sempre tem tudo e todos ao seu alcance, mesmo não querendo. Ai que estúpida fui pra bater naquela porta! Só pra te ver assim: FELIZ! Foram 7 segundos até eu arquitetar o plano de fuga: correr. Só ouvi meu nome uma única vez, um único grito e NENHUM passo, e NENHUM mínimo movimento. Senti no peito teu  olhar, tua barba feita, teu sorriso fácil, tua pele até mais corada, já que agora não tinha eu pra você se preocupar. E eu corria, entre tardes de domingo, Bertolucci, Hitchcock, garrafas, e eu corria pela discografia do Pink Floyd, Kundera, e eu corria com raiva de toda aquela felicidade. Parei. Jorrava algo dos meus olhos, por um segundo até poderiam ser lágrimas, mas era apenas a chuva de Setembro.

(Alba & Marina)

Visita ao Pé de Tamarindo


Ps.: Nós com amigos, em visita ao Pé de Tamarindo, no Piauí-terra-querida.